Clinica Medica (como?)
Mood:
d'oh
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Explicando pra galera que perguntou como e que foi a aventura da aprovac?o em Clinica Medica (por motivos que ficar?o obvios durante a leitura da mensagem, os nomes dos envolvidos foram trocados)
Primeiro sairam as notas da quarta e ultima AVP de CLM. Resolvi n?o reavaliar, pois, considerando que eu era repetente, eu ja entraria com menos tres pontos em qualquer prova que eu fizesse. Fui pra final precisando de "6.06" (ou seja, muito) e usei todo o tempo disponivel entre a quarta avaliac?o e prova final pra revisar os assuntos do ano todo.
Houve a final, sairam as notas e soubemos delas por telefone, pois Lais n?o compareceu ao departamento para entregar as notas. Obtive parciais de "8.0" em Nefro, "8.6" em Pneumo, "7.8" em Gastro, "4.3" em Cardio e "1.0" (UM) em Endocrino, resultando uma media aritimetica de "5.94", estando oficialmente reprovado por "0.12", doze centesimos, ZERO-DOZE! ZERO-DOZE!!!!!!! UM DECIMO E DOIS CENTESIMOS ENTRE EU IR PRO QUINTO ANO OU SER OBRIGADO A PASSAR MAIS UM ANO VENDO A VACA DA FATIMA, O SEM-CUNH?O DO IBIS, A PERUA IRRESPONSAVEL DA ESTELA, O SAPO HUMANO DA OSMANDINA, O HIPOCRITA DO DILERMANDO E O FILHO-DA-PUTA DO EVISON.
A primeira providencia (apos me recuperar do choque e recobrar a consciencia, puto da vida) foi fazer um requerimento ao departamento solicitando recorrec?o de provas. Na sequencia fiz tres peregrinac?es ao consultorio da Lais tentando fazer ela usar da logica mais simples possivel e me deixar refazer a parte dela ou atender um caso clinico, qualquer coisa que me permitisse demonstrar conhecimento de Endocrino e substituir o "1,0" da final (bastava subir Endocrino em "0,6" e a nota geral da final subiria em "0,12", ou seja, eu passava, pois n?o ta com a porra que eu n?o conseguisse "1,6" numa prova teorica ou pratica separada de Endocrino). No ultimo minuto em que falei com ela, ja completamente sem paciencia, ligeiramente exaltado e com ela fechando a porta do carro, tive um dos dialogos ao mesmo tempo mais objetivos e mais cretinos da minha vida:
-Professora, eu tirei UM na sua prova, mas tive parciais de "8.2" e "8.0" em Endocrino durante o semestre! Eu ja paguei essa disciplina quatro vezes!!! Voce ja me viu atendendo!!!! Olhe na minha cara: A senhora acredita mesmo que eu so tenho dez por cento de conhecimento acumulado em Endocrino?? (ja que uma nota "1.0", no caso, equivale a 10%)
(ela congelou por um segundo e respondeu)
-N?o... mas voce precisa entender que a universidade exige que nos tenhamos um instrumento de avaliac?o e esse instrumento e a prova. Mas vamos fazer o seguinte: desde ontem eu venho sendo procurada por outras alunas na mesma situac?o, pais de alunos, m?es de alunos desesperadas e resolvi chamar uma reuni?o de departamento para conversar com os outros professores e ver o que pode ser feito no caso de voces.
-Mas professora, ha uma semana eu procurei a senhora com os mesmos problemas, por que a senhora n?o teve a mesma iniciativa?
- Porque voce n?o me sensibilizou tanto quanto elas.
(engoli calado, resperei fundo e continuei)
-Tudo bem, doutora, mas a gente sabe que a chance das coisas se resolverem assim e perto de zero, n?o e?
-Se acalme, a gente vai ver o que pode fazer.
(ela saiu com o carro e eu fui pra casa me sentindo uma verdadeira casa decimal)
Paralelo a essas idas e vindas, fiz dois contatos por telefone com o Dilermando e uma peregrinac?o ao consultorio dele (apos descobrir com a secretaria o dia em que ele voltava de Recife, onde esta fazendo algum curso). O dialogo foi peremptorio. Apos eu explicar toda a situac?o, ele se limitou a dizer que ja havia feito tudo que podia por todo mundo, que n?o podia ajudar mais ninguem, que eu tinha ido muito bem na parte de Pneumo e que deveria procurar os setores em que havia sido prejudicado (mesmo eu tendo enfatizado que ja havia procurado a Lais repetidas vezes, alem de ser patetica a ideia de procurar a Cardio pra resolver a situac?o amigavelmente).
O palhaco fez quest?o de n?o entender que n?o me importava de onde que viesse a soluc?o, contanto que ela viesse. Fez quest?o de n?o entender que eu n?o estava pedindo ponto de graca, mas querendo o que era realmente justo! BANDO DE POSITIVISTAS CRETINOS!!! Se eles mesmos afirmavam que eu era capaz, que o sistema de avaliac?o era falho, PRA QUE CARALHO CONTINUAVAM TRATANDO A PROVA COMO UM CRITERIO DE AVALIAC?O ABSOLUTO?? Eu me sentia falando sozinho. Todos falavam que eu tinha raz?o, mas nenhum movia um dedo da propria autoridade pra que essa insanidade completa se dissipasse.
No primeiro domingo apos a conversa com Lais, a Letticia da turma A (que havia perdido por 0.1) entra em contato comigo por telefone. Ela me explica que ao entregar a prova final da Fatima, deu um jeito de conseguir uma folha branca e copiou tanto as quest?es quanto as respostas que ela havia escrito, entregando depois pra o pai dela (que e professor de Neuro da ECMAL). O pai levou a prova para os professores da ECMAL corrigirem, e essa mesma prova, para a qual a Fatima havia dado nota "2.6", foi avaliada como um "6.0" pelos professores de la (TRES PONTOS E QUATRO DECIMOS DE DIFERENCA).
Criterio de correc?o diferente?? O pai da Letticia e medico de alguns familiares da Fatima, conhecido antigo dela, mas ela n?o conhecia a famila dele nem sabia que a Letticia era sua filha. Em uma das conversas que ele teve com ela, no sentido de "arrumar" a situac?o da Letticia, ela acabou deixando escapar que "n?o entendeu a letra dela" e simplesmente saiu cortando. A VACA CORTOU QUEST?ES INTEIRAS ALEGANDO QUE N?O ENTENDEU A LETRA!!!! E como so descobriu de quem a Letticia era filha depois dos resultados finais, n?o quis admitir a "recorrec?o" da prova, mesmo porque isso daria espaco pra que todo mundo que perdeu exigisse recorrec?o, como se a recorrec?o n?o fosse um direito garantido e sim o resultado de uma queda-de-braco entre o aluno e ela. Fiquei possesso quando soube da desculpa dela, n?o por esse fato isolado apenas, mas pela ideia de que essa mesma linha de correc?o ABSOLUTAMENTE IRRACIONAL possa ter prejudicado sistematicamente, durante anos, inumeros alunos (incluindo eu).
Letticia ficou p. da vida quando soube da nota dada pelo pessoal da ECMAL, dai estar tentando localizar a galera que perdeu por muito pouco pra tentar resoluc?o judicial pra situac?o (e ainda fez o adendo de que, caso eu n?o tivesse como pagar um advogado, a m?e dela havia se proposto a bancar, pra eu pagar QUANDO PUDER!). Dai pra frente a situac?o na minha cabeca deu uma clareada violenta. No dia seguinte fomos ate a defensoria publica estadual. Apos tres idas e vindas frustradas (eu, Letticia e Germano), consegui (sozinho, na ocasi?o) ser atendido por um funcionario muito bem educado que me exlicou que o nosso caso n?o era incomum e que o procedimento padr?o seria, antes de tudo, abrir um requerimento formal para a coordenac?o da disciplina solicitando ver as provas.
Este requerimento teria dois caminhos: ou seria deferido e eu teria acesso as provas (tendo, ent?o, direito a solicitar uma copia) ou seria indeferido. Neste ultimo caso, segundo o funcionario, bastaria acessar a defensoria com o requerimento indeferido e solicitar um mandado de seguranca no sentido de conseguir as provas, que e um procedimento bem rapido, mesmo para o judiciario. Quer dizer, de um jeito ou de outro as provas viriam ate mim. Com elas em m?os, ainda segundo o rapaz da defensoria, eu deveria solicitar recorrec?o oficial, "por um profissional gabaritado, de preferencia professor, se possivel vinculado a instituic?o publica" (e o pai da Letticia e professor da ECMAL, tendo acesso facil aos professores de Clinica de la. he, he, he...). Porem, "como a UFAL e federal, a defensoria do estado n?o pode outorgar sobre ela" e eu deveria procurar a defensoria da uni?o, que eu nem sabia que existia.
Sai de la bem mais aliviado mas os animos ainda em brasa, indo direto ate a sede da defensoria da uni?o, no predio do INSS. Chegando la, ESTAVA EM GREVE. Apos dar um desdobro na menina da portaria, ela aceitou fazer uma ligac?o ate o funcionario responsavel, que estava la "mas n?o estava atendendo ao publico externo". Ele me explicou a mesma coisa que o cara da outra defensoria, mas fazendo a ressalva de que a defensoria so poderia agir apos a suspens?o da greve. No dia seguinte, vou ate a procuradoria da UFAL (que, no meu parco entendimento, por ser federal teria condic?es de agir no caso). O procurador (um baixinho gente boa chamado Barbosa) me recebe muito bem e diz "bom, se a situac?o e realmente como voce esta me colocando e ela pode ser provada, ja que voce ja havia entregue um requerimento dentro do prazo legal de 48 horas, traga uma copia da documentac?o pra ca que a gente bota pra empenar em cima dela" (da Fatima).
Eu n?o tinha copia do requerimento, mas conhecia a funcionaria do departamento a quem eu o havia entregue e lembrava ate em qual pasta ela havia guardado o papel. No outro dia, pela manh?, chego ate o departamento e jogo uma conversa de que eu precisava dar uma olhada no requerimento "so pra confirmar a data em que eu havia entregue o protocolo e a professora Lais poder fazer a recorrec?o, ja que ela estava sem tempo de ir ao departamento" (a Lais havia desaparecido da UFAL apos a prova final e as funcionarias n?o viam ela ha mais de tres semanas, alem dela ter desligado o celular pra evitar alunos e pais de alunos, ficando incomunicavel). Ela n?o apareceu sequer para entregar as notas e eu notei que as funcionarias estavam meio putas com ela, pois um monte de alunos ja havia chegado estressando no departamento por problemas de falta de nota, erro de digitac?o e coisas do tipo. Como desde o comeco eu fiz quest?o de n?o criar atrito com elas, que n?o tinham culpa nenhuma na historia, aproveitei a brecha da falta de comunicac?o. A menina que me atendeu n?o colocou problemas em liberar o requerimento pra mim, e ainda concordou em colocar o visto de "recebido" na xerox que eu tirei do protocolo, com a data do dia que eu havia entregue!
Desse momento em diante eu ja sabia que estava aprovado. O processo era causa ganha, segundo todas as instancias legais que eu havia procurado, e a quest?o seria o tempo que levaria pro processo andar. Ja havia duas semanas inteiras que eu estava de segunda a sexta no meio do mundo, procurando professor, defensor, procurador, alunos que haviam perdido em iguais condic?es, e nisso a historia do processo judicial ja havia se espalhado por todos os ouvidos envolvidos, como vim confirmar mais tarde. Guardei a copia do requerimento pra levar a procuradoria no dia seguinte.
No outro dia chego bem cedo na reitoria. O procurador ainda n?o havia chegado e eu resolvo passar no departamento de CLM mais uma vez, pra saber se Lais havia aparecido. Na saida encontro a vaca da Fatima:
-Professora, chegou ate voce algum oficio no sentido de recorrec?o de provas?
-N?o, nenhum, isso e com a Lais, fale com ela.
Desco ate o ultrassom e encontro professora Tereza, da Gastro:
-Professora, foi feita alguma recorrec?o das provas finais?
-Bem, Tadeu, foi, mas como voce sabe as provas de gastro e endocrino foram objetivas, n?o havia espaco pra interpretac?o de respostas e infelizmente as notas estavam corretas. Nos ja fomos procuradas por milh?es de alunos e ate por pais, m?es deseperadas, mas nos fizemos o que podiamos. Eu sentei com a Lais, nos olhamos as provas, comentamos o seu caso, o impacto que uma reprovac?o traz pra vida de todos os meninos que perderam, mas a correc?o estava certa. Nos soubemos por auto que existem alunos abrindo processo e, na minha opini?o, se eles acreditam que tem direito, tem que correr atras mesmo.
-Todos os setores fizeram recorrec?o?
-Sim.
-Incluindo Cardio?
-Eles disseram que fizeram, mas n?o estavam com a gente na ocasi?o.
Saio de la e fui dar um tempo na internet, antes de ir de uma vez na procuradoria. Abro por acaso meu boletim para ver se as notas que faltavam haviam sido digitadas e de repente estava la, ao lado do codigo da disciplina e das notas aquele "AP" de aprovado (??????). Abro o boletim por quatro computadores diferentes, usando dois programas distintos e estava la: AP, com a media do segundo bimestre (Gastro/Endocrino) com um valor diferente do que eu tinha anotado. A primeira hipotese foi "erro de digitac?o". Saio do CSAU indo direto ao NPD e solicito uma copia autenticada do historico. Tava la: AP. Peco outro da Letticia e ocorre o mesmo: AP. Dai ficou obvio que seria muita coincidencia ter ocorrido erro logo em nos dois. Cheguei em casa e liguei pra Letticia e depois pra Jandira. Ninguem sabia de nada, nem a m?e da Letticia, que ficou pasma e depois fez uma ligac?o de doze minutos pro meu celular pra me dizer que "Deus e bom, Deus e muito bom..." (AAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!!!!, saco!) No mesmo dia Janda me manda mensagem pelo celular, avisando que mais duas meninas na mesma situac?o tambem haviam sido aprovadas.
N?o encontrei Lais desde ent?o, para dizer que, se n?o guardo por ela nenhum rancor, TAMPOUCO TENHO UM MILIGRAMA SEQUER DE GRATID?O. O que ela fez n?o foi mais que agir no sentido evitar mais um abuso por parte do bando de animais que ela coordena. Mas se tivesse feito ANTES, teria poupado o tempo, a vida e o sofrimento mental de dezenas de pessoas que durante todos esses anos devem ter sido prejudicadas por uma raca de frustrados que n?o dominam nada da medicina alem da propria area (e olhe la...) e que n?o tem condic?es mentais nem morais de impor autoridade que n?o seja pela tirania, pela estupidez simples.
Ontem (dia 30) fui ate a coordenac?o pra efetivar a matricula. Fui o primeiro a chegar. Fiquei matriculado em cinco materias na turma que eu ja estava e em duas na turma A, por quest?es de horario. No sexto ano vou pro estagio rural com o Samuel.
Acabou a historia.
Obs: E muito estranha a sensac?o de que este ano eu vou poder estudar com as mesmas pessoas.
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PARIDO POR a me torturar...
at 00:01 BRST
Updated: Friday, 16/07/2004 21:45 BRST