Entre Os Dentes
Mood:  loud
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E dia branco e eu me sinto comum

Neste momento, a cabeca gira

Eu acordo e procuro a porta

Sei que a vida me devora

Sei que, de dentro pra fora,

O mundo me grita a penitencia

De me arranhar por cima das horas

Tenho dedos desertos,

Tenho sonhos miudos e grandes

Como quem carrega o dia nas costas,

Eu sou a vida entre teus dentes.

Sei que sou noturno e breve

Sei que somos

o momento e o sempre

Sei que, no meio da tarde,

O vento revolve todas as folhas

Sei, ainda,

Que ainda n?o sei,

Que a rua passa entre pares de horas

E as pessoas

Entre as cercas das casas.

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Sinceramente
Mood:  party time!

Encerrando uma semana de poucas ideias, curta de grana e cheia de pessoas, uma charge de Henfil.

N?o e todo dia que eu tenho gas pra ficar rindo sem motivo.

Numeros
Mood:  accident prone
"Jo?o foi a feira com 5 reais e comprou duas couves, meia duzia de laranjas e cinco tomates. Ficou com 1 real e 70 centavos de troco e, na volta para casa, foi atingido por uma bala perdida, morrendo na calcada antes da chegada de uma ambulancia.

Joana foi ao shopping com um cart?o de credito e comprou dois tops, um par de sandalias e tres batons. Gastou 124 reais e 70 centavos e, na saida do shopping, foi atingida por uma bala perdida, morrendo sem que se tenha identificado o autor do disparo.

Sabendo que a morte de Jo?o saiu num canto da pagina 10 e que a de Joana foi manchete de primeira pagina por uma semana;

Sabendo que o preco de um anuncio de jornal na primeira pagina e 178 por cento mais caro que o mesmo anuncio na pagina 10;

E sabendo que Jo?o e Joana est?o mortos;

Responda:
Qual o valor da vida humana?"
(Cesar Cardoso)

==> Publicado na revista Caros Amigos, que um dia ja foi uma revista seria, um dia defendeu a luta ferrenha pelo mundo socialista e nem sempre foi um folhetinho pro-governo federal. Mas parece que as coisas mudam, ne?...

Brecht
Mood:  on fire


Ja que, a medida que o tempo passa, a gente vai ganhando memorias cada vez mais velhas (e pra mim ja passaram 28 anos), lembrei desse Power Point que eu montei em 2000 , com textos de Brecht e fotos de Sebasti?o Salgado:

Brecht

Site oficial de Sebasti?o Salgado

Bom fim de semana, galera!

Sobre nossas cabecas
Mood:  bright

"Desde pequeno, eu acho o ceu
uma pintura em constante movimento.
Eu tenho duas certezas basicas nessa vida:
que o sol vai nascer amanh?
e que um dia eu vou morrer."

(Ricardo, pos-graduando em Meteorologia/UFAL)

Eu (III)
Mood:  d'oh
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As vezes, tenho medo,

Medo de acordar

E descobrir que eu n?o estava aqui,

Medo de ir dormir e n?o voltar,

Medo de ter certezas,

De virar um bom cidad?o,

Pagador de impostos, cumpridor da lei,

Temente ao Senhor e hipocrita.

Medo de me diluir, me desiludir, de me vender

E me prostituir pra UNIMED.

Tenho medo de perder a hora, medo de admitir,

Medo de olhar em volta e n?o ver ninguem,

Medo de ficar sem assunto

Ou de n?o entender a piada,

Medo de ser comum, de perder o controle

E de um dia dizer "chega!".

Medo da balanca e da dieta,

Medo de enlouquecer, de perder o olfato

E de entrar na fila errada

Medo de achar que "faz parte",

De perder meus amigos,

De sentar a bunda em um gabinete

E ficar orgulhoso.

E, mais ainda,

Medo de um dia acreditar

Em tudo que eu estou vendo.

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O paraiso e aqui... mas tem dono
Mood:  loud
No que se refere a paisagens naturais, a praia do Gunga e uma das vis?es mais bonitas do nordeste, sendo considerada uma das 10 mais bonitas do Brasil. Mas, assim como todas as coisas dentro do capital, em volta dela existe uma cerca.

Localizada oficialmente no municipio de Barra de S?o Miguel, a praia do Gunga e um espaco particular (!!!!), de modo que pra ter acesso voce precisa ter a carteirinha de "usuario" da praia (emitida pra uns poucos privilegiados, amigos do "dono" ou que conseguem por outros meios, como um favor) ou contratar o servico de alguma das vans ou barcos que fazem transporte ao local (cerca de dez reais por cabeca).

Estive la no mirante do Gunga domingo, com Bruno e Tati (sou o guarda-vela oficial do dois), e tive a sensac?o de estar em um dos locais mais bonitos do mundo. Mas esse mundo n?o e feito para todos.

Dentro da cerca, encontra-se uma lindissima praia de areias brancas, de encontro com um rio, com otima estrutura PARA TURISTAS e rigorosamente limpa e organizada (posto que funcionarios do "dono" da praia fiscalizam a regi?o diariamente). Sob as vistas grossas do poder publico, um imenso pedaco de praia virou uma otima maneira de ganhar dinheiro, nada de anormal, numa epoca em que virou moda pegar patrimonio publico e mandar pela privada...

Em todos os lugares
Mood:  mischievious

Fechando a semana.

O Efeito Borboleta
Mood:  chillin'

As vezes acho que deveria comecar a ir ao cinema sem ler as resenhas dos filmes: o que estraga e a espectativa.

N?o, de fato n?o foi o melhor filme que eu ja assisti. O roteiro e confuso, cheio de idas-e-vindas, partes aparentemente desconexas (e outras desconexas mesmo!), mas... sim, eu gostei.

N?o que "Efeito Borboleta" tenha algo de novo ou inusitado; ele investe na ideia do mundo criado e recriado pela mente de um jovem problematico, atormentado por uma doenca cronica, entremeando flashs de lucidez e outros de completa paranoia. La pelo meio do filme, o espectador fica sem noc?o do que e real ou se TUDO e apenas delirio do personagem (e mesmo depois que o filme acaba voce continua com essa duvida, o que pode ser irritante para varias pessoas). Mas vale pela forma como os acontecimentos v?o se desenvolvendo, pela sensac?o de angustia que envolve toda a trama (se essa foi uma das intenc?es do diretor, ele conseguiu) e pelo suspense mantido ate o final, pois voce n?o consegue prever onde tudo aquilo vai se amarrar.

No geral, a ideia do filme fica resumida em uma citac?o de um dos personagens: "e impossivel recriar uma pessoa sem destruir tudo o que ela foi antes", dai o personagem ser levado a 'implodir' a propria vida inumeras vezes. De resto (e nem haveria como ser diferente), muito "miolo pra Hollywood", com varios momentos de tens?o, algumas cenas de violencia e muitas de degradac?o fisica e psicologica por parte de todos os personagens. (Mas o melhor do filme, mesmo, foi ver a Tati segurando um gritinho de susto e quase pulando pra cadeira do Bruno com medo de alguma das cenas. eh, eh, eh) Valeu, Galera! >>8-))

Eu (II)
Mood:  caffeinated
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Assim como eu

Sou eu e aquilo que vivo,

A lingua e a carne

E o som que dela vibra.

A rua

E uma parte da curva

E o sono

E o comeco do dia seguinte


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Viagens perdidas... ou n?o
Mood:  rushed
Saco! Subi pra UFAL a troco de nada. Ta, eu sei que hoje e dia do estudante e, em tese, n?o teria aula. Mas eu tambem sei que o povo do HU "n?o sabe" que faz parte da UFAL e frequentemente funciona independente do resto do campus (alem do mais, eu agora trabalho no campus, mais um motivo pra ter que subir). Ate ontem ninguem da minha turma sabia se hoje seria dia normal ou n?o, e o resultado e que hoje viemos eu e mais umas dez pessoas... pra descobrir que os professores do dia resolveram "comemorar o dia do estudante".

Alguns professores de outras disciplinas ainda circulavam pelos corredores do hospital, a procura de alunos mais espertos do que nos, que deduziram o mais obvio e enforcaram a quarta-feira, realizando o sonho de consumo de todo academico do HU: dormir ate as dez da manh?. Mas ja que "ha malas que v?o para Belem", hoje a noite n?o vai haver movimento na PROEST e eu n?o vou precisar sair do campus depois das nove da noite >8-))

Bom... mas em todo caso, ja que eu vim bater aqui, vou dar um giro no campus e bater um papo com o Bob... Vazio ou n?o, o campus universitario ainda e um dos locais que eu mais gosto em todo esse planeta. Aqui me sinto mais a vontade do que em casa; e o lugar onde est?o meus amigos, minhas ideias e partes importantissimas da minha vida.

EU
Mood:  on fire
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Desce o dia devagar,

Subo a ladeira depressa

Um descalabro acontece por tras dos vidros

E o mundo se acaba sobre duas pernas.

As vezes sonho com feras

E acordo esmurrando o vento

Eu preciso ver Deus!

EU PRECISO VER DEUS!!!!!!!

...e Deus n?o existe

Pelo conta-gotas da vida,

Nesse passa-e-fica das horas

A verdade e incomunicavel

Como a lingua que perdeu o gosto

Ou a tarde que resseca o rosto


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Mood:  mischievious



"A quest?o e que n?o ha como todo mundo comer no capitalismo."
(Samuel-CAMED)

((( Um Som )))

Dicionario II
Mood:  d'oh
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Humanidade: Do latim humanitas. Substantivo coletivo, feminino que designa
conjunto de seres humanos que de vez em quando sentem fome. Varios, na verdade,
a sentem quase sempre, mas n?o devem ser considerados menos humanos por causa
disso.
Cinquenta milh?es n?o tem onde morar, cento e oitenta e seis milh?es est?o
desempregados, novecentos milh?es sofrem de desnutric?o proteico-calorica e
mais de um bilh?o n?o tem acesso a agua potavel para beber. 1,9 bilh?o s?o crist?os,
1,2 bilh?o s?o muculmanos, 650 milh?es s?o hinduistas, 300 milh?es s?o budistas,
240 milh?es s?o ateus e todos tem medo da morte.

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Pets
Mood:  hug me
Minha cachorrinha morreu ontem a noite. Ela veio parar na minha familia por acaso, em 1990, quando estavamos procurando casa para uma das 14 mudancas que fizemos em Maceio. Minha m?e a encontrou e acolheu. Quando minha familia se esfacelou e eu sai de casa, em 97, ela veio junto, de modo que ela me acompanhou em pedacos bem turbulentos. Ela tinha quatorze anos, o que me disseram ser "muito, pra um cachorro", como se houvesse tempo-limite pra aquilo que nos importa.

O que existe n?o s?o as coisas, mas o significado que elas tem pra nos. Um filho, os amigos, seu trabalho ou sua namorada s?o o que voce ve e o que voce guarda por tras deles. Conheco pessoas que me significam um alivio, uma dor, um motivo ou um arrependimento. E todos se moldam na minha consciencia como as pecas de um mosaico inacabo. Deve ser por isso que me sinto sempre feito em pedacos.

Sabado no campus
Mood:  silly
Sabado de manh? no campus, experiencia cada vez menos realizavel. Numa manh? de um dia de incomum, eu e Everton Basquiat comecamos a filosofar acerca da origem das coisas...
Frase do dia: "Se os cara quiserem mesmo fazer o mundo se mexer, e so pedir pra todos os chineses pularem ao mesmo tempo!" (Basquiat)

Arnaldo Antunes
Mood:  sad


Na lista das centenas de coisas que eu ja deixei de fazer por falta de grana, acrescente-se agora o show do Arnaldo Antunes. Foi no Teatro Deodoro, dois shows (um na sexta e e um no sabado) pra n?o muitas pessoas, ja que dependia da capacidade do Deodoro, cerca de 800 lugares. Fiquei na PROEST (e, alem de estar sem grana eu tava trabalhando), ouvindo o Arnaldo pela radio do site Terra.

Nos dias seguintes ouvi comentarios de tanta gente que acabei montando o show na cabeca (alem de umas fotos que eu consegui na internet, sen?o e muita imaginac?o...). Mas afinal de contas, n?o vai ser a minha ultima chance de assistir esse show (mas talvez tenha sido a ultima chance de assistir em Maceio, com as minhas pessoas. AAAAH, paciencia...)

Odisseias Beneditenses III
Mood:  don't ask
A Linha Benedito Bentes-UFAL e a unica que atende os universitarios que residem no Bil, saindo um carro a cada QUARENTA minutos, com o ultimo passando pelo campus as 22:40 (com um religioso atraso de cinco ou dez minutos). Ontem, campus, saio da PROEST e chego no ponto de onibus as exatas 22:40. O ponto estava vazio, pessimo sinal: o bus?o passou inacreditavelmente CEDO, me sobrando as opc?es de andar ate a pista ou pegar qualquer onibus descendo e depois um subindo pro Bil.

22:50h - sigo pela pista. Ao passar pelo ponto do HU, dois caras vem passando em uma bicicleta: "Ae, moral, chegue ca, chegue ca". Desconverso e atravesso a pista, fingindo ir em direc?o ao posto de gasolina ("mifu! deve ser assalto"). Dez segundos e os caras insistem "Deixe dessa, veio, a gente so quer um real..." Disparo pro posto: tudo escuro, nenhuma porta aberta a vista, e de repente a entrada de uma vila de casas que eu nunca tinha notado ("vai ser o jeito"). Entro e de longe ainda escuto os caras ironizando "corre, corre, corre!..."

Cerca de cem metros de beco depois, varias casas fechadas e, no final, o apice da lei de Murphy: um muro bloqueando a passagem. Olho em volta rapidamente - a minha direita uma casa velha, vazia, escura e sem porta finaliza a rua. "E a toca mais obvia", penso e recuo ate a casa do lado, fechada, com a frente recuada e um pequeno muro. Durante cerca de um minuto me escondo atras do muro ("cade os caras, n?o e possivel que tenham desistido"). Um pouco mais e vem se aproximando o som da bicicleta. Um vem a pe e outro na bike. Passam direto e entram na casa-toca-mais-obvia, ao lado, sem me ver. Um entra gritando (algo como "pode ir saindo que a gente sabe que voce ta ai"). Espero o segundo tambem entrar na casa, saio detras do muro e disparo pra pista. Da pista, direto pra o estacionamento de caminh?es ao lado. Vindo no sentido contrario, encontro meu irm?o (um metro de altura a mais que eu, faixa verde de carate), que tambem havia perdido o onibus, pelo mesmo motivo que eu.

Do lado, um caminhoneiro: "foram uns dois de bicicleta, n?o foi? Eu vi eles e achei suspeito, tavam rondando por aqui". Pegamos o "Cruzeiro do Sul", descemos ate a Fernandes Lima e de la pegamos um Bil subindo. Chego em casa mais uma vez a salvo, mas como Freud e um completo filho da puta, sonho a noite com casas invadidas, perseguic?es e meus pais. AAAAAAAAHHHHHH!!!

Mood:  blue
...E chegamos ao final de mais um capitulo. Ninguem morreu, ninguem nasceu ou se casou. Nada aconteceu dentro ou fora de nossas cabecas, debaixo de nossos tetos, defronte a nossos narizes. A vida segue ruidosa e ebria, ofegante e tropega, como um gato moribundo. Mas, deitada em minha frente, a volupia da vida diz que sim, em seu sentido mais primario e unico. Celebro o momento: e Voce e tudo, como se o fim fosse o meio.